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Apresentação da Escola

            A Práxis Lacaniana/ Formação em Escola tem como objetivo a transmissão do discurso da psicanálise e a formação dos analistas, a partir do retorno que faz Jacques Lacan à letra de Freud, ponto de partida que dá a direção que permite pôr em ato o inédito da posição que emerge por Freud. Fundada em 16 de julho de 1993, a Práxis Lacaniana/Formação em Escola resulta do desejo daqueles que a constituíram de retomar a experiência de trabalhar numa escola, da maneira como Lacan a pôs em função, como um dispositivo de seu discurso. Uma escola lacaniana é onde definitivamente, há lugar para a psicanálise, enquanto prática discursiva.

          A escolha por colocar o nome da escola em relação à formação – Formação em Escola – vem em conseqüência de querermos ter permanentemente como interrogante a pergunta: Como estamos praticando fazer escola? Consideramos esta decisão fundamental porque, apesar de sabermos que em uma escola, em termos dos fundamentos discursivos lacanianos, não há entrada para a lógica que rege a institucionalização, já que esta vai contra o próprio funcionamento de uma escola lacaniana, sabemos também que, queiramos ou não, há sempre algo instituído em relação ao qual é preciso sustentar o saber-fazer do analista. Ou seja, a própria entrada do discurso do analista não ocorre sem algo instituído, pelo significante, a nível do discurso do mestre antigo.

          A problemática que há, neste ponto, só a podemos levar em conta, enquanto lugar discursivo, pelas operações com os quatro discursos lacanianos, que nos dão a possibilidade de localizar, não só onde o analista precisa sustentar como resposta o seu saber-fazer com alíngua, como também onde facilmente se desliza e se sobrepõe ao saber-fazer do analista o saber-fazer da moralidade da perversão capitalista. Domínio que está no laço social vigente e que resulta do casamento da moral sexual capitalista com a tecnologia produzida pela ciência moderna e o discurso burocrata do mestre moderno.

         Por esse deslizamento só poder ser constatado, como fato, discursivamente, e ser por isso mesmo um ponto tão problemático, os membros da escola têm como questão de base e fundamentos não recobrir esta hiância, esta fenda, enfim, esta falta que se vincula às operações com o objeto a, quando este está em sua função de calço no nó borromeano. Decidimos não recobri-la de maneira alguma, por isto colocamos no nome de nossa escola esta interrogação permanente a respeito de como estamos praticando fazer escola. Historicamente, a Práxis Lacaniana não surge sem um longo percurso de trabalho, feito anteriormente à sua fundação, em relação ao qual não podemos deixar de contar o trabalho em transferência com a Escola Freudiana da Argentina e com a Fundação do Campo Lacaniano, assim como também não surge sem o trabalho em transferência e a dissolução da Escola de Psicanálise de Niterói e o trabalho e a cisão com a Escola da Causa Analítica.

             Mantemos com a Fundação do Campo Lacaniano relações de intercâmbio, em caráter aberto, que são sempre relações de trabalho e não de mera convivência. Há também na Escola membros que, desde sua criação, em 1991, em Buenos Aires, inscrevem seu trabalho em relação ao Campo Lacaniano e o fazem em nome próprio, em uma relação de implicação que não é a mesma de pertencer. A Fundação do Campo Lacaniano tem como fim propiciar, favorecer, animar e difundir o trabalho e o interesse com respeito aos problemas cruciais da psicanálise em intensão e extensão.

          Em 03 de outubro de 1998, junto com 47 instituições psicanalíticas de 9 países, fundamos Convergencia Movimento Lacaniano para a Psicanálise Freudiana. Convergencia é um movimento que tem os seguintes objetivos: 1. promover o avanço do tratamento das questões cruciais da Psicanálise, o que exige a retomada da discussão dos fundamentos de sua prática; 2. para este fim, multiplicar e estimular os laços entre os praticantes, de modo a favorecer a troca e a discussão; 3. enfrentar, desse modo, os efeitos nocivos da fragmentação no movimento lacaniano internacional, que o corroem, de modo diverso daquele que instaura o laço piramidal e autoritário que caracteriza uma supra-associação. A Ata de Fundação e os trabalhos realizados nestes anos, desde sua fundação, podem ser encontrados nos links abaixo.

          Desde 1995, vimos participando como uma das instituições convocantes da Reunião Lacanoamericana de Psicanálise que se realiza a cada dois anos, conforme decisões tomadas em assembléia. A primeira reunião realizou-se em 1986, em Punta del Este, no Uruguai. Desde então, mantém-se o dispositivo, cuja originalidade tem permitido produção fecunda e sustentação das transferências de trabalho.

          Para aqueles que tenham interesse em conhecer um pouco mais sobre a Escola, apresentamos alguns trabalhos que realizamos em diferentes momentos de questionamento, acerca do que sustentamos como prática de Escola. Tais trabalhos nos permitem retornar ao que nos propusemos na partida da fundação da Práxis Lacaniana. Pensamos que é importante retomar nossa proposta no ponto de onde partimos, pois este ponto “re-situa” o lançamento de um desejo de fundação, uma vez que, dependendo do lugar de onde alguém fala, se produzem diferentes conseqüências discursivas. Se as condições para a entrada do discurso do analista vierem a se apresentar no tempo lógico de articulação do inconsciente à fala, teremos conseqüências no que diz respeito à transmissão da psicanálise.

TEXTOS (clique em cada item para visualizar o texto)

1 – Ata de fundação de 16/07/1993

2 – Texto de Apresentação da Prática da Escola, de 2001

3 – Texto “O que funda a psicanálise como Práxis? Passamos Lacan no
    que transmitimos? Quando há transmissão numa escola? (trabalho
    apresentado na Jornada da CER-Brasil – 29/05/2003)


4 – Texto “10 anos de Práxis Lacaniana/Formação em Escola”–
    16/07/2003

5 – Texto “Psicanálise, Ciência e Religião” – março/2007

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